- Padre Samiro?
- Alo! Bom dia. Dê o seu recado.
- Queria comunicar um falecimento.
- Pois não. Um momento que vou anotar... Nome?
- Meu?
- Do falecido.
- Clésio... Góes... Búrigo... Moreira* (a ouvinte fala devagar pro padre anotar).
- Hora da morte?
- 23 horas.
- Velório é onde?
- Casa mortuária da Brasília.
- Missa de corpo presente?
- Sim.
- Onde?
- Igreja da Próspera.
- Enterro?
- 16 horas.
- Onde?
- Cemitério da Brasília.
- OK. Nossas condolências à família enlutada.
***
Quase toda manhã tem isso. Às vezes mais de uma morte por manhã. Dois detalhes nessa rotina mortibunda merecem reparo. Um, o padre demonstra ter uma planilha em mãos quando interroga o comunicante; dois, falta a causa-mortis na planilha.
Aí está. Essa falta é pior que a morte. PutzGraça fez uma pesquisa via Orkut e está comprovado: 185,2% das pessoas que ouvem a notícia de uma morte tende a pretender o nexo causal. Morreu de que? E o padre não diz. A gente fica angustiado. O padre nos acorda às 5 da manhã como se fosse o porta voz do além e esquece o principal?! Morreu de que, padre? O povo enlutado agradeceria saber.
(*) Qualquer semelhança é mera ficção.
Eu sempre tenho uma impressão de que as mortes são tratadas como celebração.
ResponderExcluirAlguém concorda comigo! é muito, muito importante saber do que o cara morreu! Num dia de Finados, fui no ccemitério e comentei com meu marido: Nas lápides devia tá escrito do que a pessoa morreu pra gente não ficar curioso. O porque da morte é fundamental.
ResponderExcluirÉ uma sacanagem não dizer do que morreu mesmo...
ResponderExcluir...e como dizia meu avô, que aliás já morreu tem anos: "a curiosidade matou o (putz)gato"
ResponderExcluirPessoal vamos com calma...
ResponderExcluirSe o padre Samiro contar tudinho no programa de rádio, como é que o Pinduka vai vender o seu jornal depois?
É a divisão tétrica do trabalho.
Samirão diz o nome do (ex)vivente e a hora do enterro.
Pinduka dá a foto, o apelido do falecido e a causa mortis.
É cada um no seu quadrado...
Uma vez, fui fazer uma matéria (esqueci do que era) e perguntei pra enfermeira a causa da morte da pessoa.
ResponderExcluirEla disse que não podia divulgar estas coisas, sem autorização da família. Questionei porque, e ela falou: As vezes a pessoa pode ter falecido por algo banal, mas era aidética, ou pode ter sido por outra causa que a família não quer que ninguém saiba.
Depois disso, entendi pq ninguém pergunta na mídia o motivo do falecimento da pessoa.
Mas que dá uma curiosidade, dá
Eu acho que todo enterro deveria ter uma festa,igual a do M.Jackson.No meu vai ser vintão por cabeça o convite.
ResponderExcluirIsso que o programa do Padre tá muito mais pra hora do recado apresentado por narrador de futebol (no rádio) do que para um programa religioso né... é uma correria só.
ResponderExcluirMas ele ainda me deixa um furo desses?
Aí não dá.
Por isso que prefiro quando o "reserva" apresenta.
É bem melhor e muito mais tranquilo para o despertar.