A propósito do #NobKart, desencavamos a história abaixo…
Joãozinho Cardoso, apesar da pouca experiência, achou que tinha meios para bater seu chefe. Não sabia ele que Zé Luiz – o chefe – tinha problemas, não sabia ele que estava prestes a bater, de fato, no chefe problemático.
GP Kart Indoor. Grid só de funcionários, tudo “amigo”. O estreante Joãozinho pegou o jeito logo. No meio da prova ele já andava como todo mundo e, quem tinha passado fácil por ele no começo, agora encontrava dificuldades.
Zé Luiz estava volta e meia à frente de João quando seu carro começou a andar menos do que antes. Duas voltas mais e Joãozinho percebeu o que parecia improvável: estava alcançando alguém. Não sabia quem, mas alcançava. A princípio o fato lhe causou estranheza, era uma experiência nova, mas de imediato passou a pisar fundo atrás da fugaz possibilidade de uma ultrapassagem inédita. Já vislumbrava a fama acelerando em sua direção, antevia os comentários incrédulos no day-after. Enquanto pensava isso, tinha chegado perto do mais lento. Aí a adrenalina disparou. Concentrou-se, sempre fixo no carro da frente, e mandou ver.
A pane do Gerente (o chefe) era séria. Tão séria que o pessoal da organização avisou-o via bandeirada que precisava ir pro box (para trocar de carro). Era irreversível. Então, Zé Luiz tirou o pé e aproximou-se da entrada do boxe onde o mecânico já o esperava. Essa aliviada foi o suficiente para que seu perseguidor, adrenalina no limite, tirasse a diferença restante. Quando Zé Luiz desviou da pista principal, onde a velocidade era plena, e entrou na via do boxe, Joãozinho, que estava absolutamente fixo no capacete adiante, achou que o caminho era por ali. Entrou a toda e deparou-se com o outro parado e o mecânico já agachado para atendê-lo. Foi aquele estrafego. Do jeito que vinha ele abalroou a todos. Zé Luiz quase foi jogado fora do seu kart que foi arremessado junto com o mecânico arregalado em direção a uma pilha de pneus. Com isso a pista ficou livre e, do mesmo jeito que entrou, Joãozinho saiu: acelerando tudo. Nem parou.
O condutor perigoso só ficou sabendo depois da corrida que a temperatura ferveu no boxe. O mecânico, que teve uma unha do pé extraída com o impacto, xingava feio a geração passada do João, e Zé Luiz já desistindo da corrida e em solidariedade ao aloprado parceiro, revoltava-se contra os xingamentos do mecânico ferido, gritando (por causa do capacete) de dedo em riste que ele - o mecânico - devia respeito aos clientes. O outro devolveu questionando porque aquele frango perdigão desgovernado não batia na mãe de alguém e Zé Luiz fechou o diálogo amigável resmungando que quem não batia bem era ele.
Um cortiço.
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