Advogado do capeta

PutzGraça topou com um respeitado advogado criciumense, especializado em causas ligadas a políticos e puxou o assunto do Portal. Era para ser um papo amigo, afinal os conversantes estavam na porta de um bar e nenhum deles em horário de trabalho.

Argumentamos, amigavelmente e crentes que representávamos o senso comum, que o Portal da Transparência era uma boa arma para combater a corrupção e que “não entendíamos” que motivações levavam alguém a ser contra.

E o advogado disparou com ar não muito amistoso:

- EU SOU CONTRA.

Pegou no fígado. Nossa idéia de senso comum foi pra lona em um segundo. Nem bem nos recuperamos do golpe, ele mandou outra:

- Sou contra e acho que quem é a favor tá trabalhando contra a cidade.

Quando um advogado vem pra cima da gente trovejando argumentos a primeira coisa que some é nossa capacidade de raciocínio. E eles percebem isso, os filhos-da-mãe. Eles percebem a guarda arriada e despejam tudo o que podem antes que qualquer coisa se recupere do outro lado, inclusive as idéias.

Assim, vendo o contendor grogue, o advogado avançou e disparou o golpe de misericórdia com seu inconfundível jeito causídico de ser:

- Esses vereadores incompetentes querem o Portal pra quê? Pra não precisar fazer nada? É função deles fiscalizar a Prefeitura e o Prefeito. Eles que vão lá ver as contas, ver o que foi gasto, ver se tem roubo. Eles não vão. Depois ficam inventando essa bobagem de Portal. SOU CONTRA.

Totalmente abalado, PutzGraça jogou a toalha e vazou. Tivesse se recuperado a tempo, teria dito que o Portal é uma ferramenta a mais para o combate da corrupção, que ele estaria não só a disposição dos vereadores como também da própria população, que a população poderia pressionar os vereadores por providências em caso de maracutaias, enfim, aquelas utilidades todas que a gente sabe que o Portal tem.