O preço da emoção

Deu no blog do Chicuta:

“Me recuso a ficar emocionado na frente da TV e logo depois assistir a um comercial de banco ou de cartão de crédito.”

Chicuta está certo. Chorar por encenação jornalística que tem freqüência motivada por fatos reais($$$) é fazer papel de bobo. A Globo(exemplo) não é boba, tem faro de Silvio Santos e ganância de Edir Macêdo quando fatura em cima de emoção.

É com esse faro todo embaixo do braço e os olhos vertendo lágrimas em dólares que executivos de TVs saem a campo para vender patrocínio sempre que ocorre uma cada desgraça tipo a do Haiti, Chile, Morro do Baú, Angra dos Reis ou as chuvas do Rio, assim como crimes rumorosos como o dos Nardonis, Von Richtoffen, sequestro/morte da Eloá ou o enrosco do garoto Sean.

Executivos de TVs são caras práticos e entendem muito de emoção. Eles mesmos são tão emotivos quanto um freezer vertical. Ou horizontal. Eles não sentem emoção, eles vendem emoção. Emoção é mercadoria, é moeda de troca.

Nas desgraças e crimes tipos a citadas, os contratos foram negociados mais ou menos assim:

- Terremoto/assassinato: 04 inserções no JH (no caso da Globo), mais 08 no JN, outros 04 no JG e 25 no Fantástico. Tudo isso por R$ 10 milhões a cota;

- Plus de R$ 200 mil por pacotes de 50 vítimas (Haiti rendeu uma fábula);

- Plus de R$ 20 mil por lance de lágrimas (closes que evidenciem choros serão priorizados);

- Se o seqüestro acabar em morte o valor da quota será impactado em 100%;

- Julgamentos terão repórteres full-time no pé acompanhando cada parente, até 3º grau da vítima, do acusado, da defesa e da acusação;

- Plus de 100% em caso de novo júri (reclamado por anulação do anterior). A Globo (exemplo) empregará recursos indutores subliminares que induzam à prática anulatória.

Putz-moral: Se você desconfiar que sua percepção das coisas está sendo manipulada pela TV… não desconfie, tenha certeza.