- Padre Samiro?
- Alo! Bom dia. Dê o seu recado.
- Queria comunicar um falecimento.
- Pois não. Um momento que vou anotar... Nome?
- Meu?
- Do falecido.
- Clésio... Eduardo... Pinho... Salvaro* (a ouvinte fala devagar pro padre anotar).
- Hora da morte?
- 23 horas.
- Velório é onde?
- Casa mortuária da Brasília.
- Missa de corpo presente?
- Sim.
- Onde?
- Cemitério da Brasília.
- Enterro?
- 16 horas.
- Onde?
- Cemitério da Brasília.
- OK. Nossas condolências à família enlutada.
***
Quase toda manhã tem isso. Às vezes mais de uma morte por manhã. Dois detalhes nessa rotina mortibunda merecem reparo. Um, o padre demonstra ter uma planilha em mãos quando interroga o comunicante; dois, falta a causa-mortis na planilha.
Aí está. Essa falta é pior que a morte. PutzCri fez uma pesquisa no Redondo e na extensão do Café Rio e está comprovado: 185,2% das pessoas que ouvem a notícia de uma morte tende a pretender o nexo causal.
Morreu de que? E o padre não diz. A gente fica angustiado. O padre nos acorda às 5 da manhã como se fosse o porta voz do além e esquece o principal?! Morreu de que, padre? O povo enlutado agradeceria saber.
(*) Qualquer semelhança é mera ficção.
Nunca ouvi o programa, mas ouço sempre que da pressa nas ligações. Parece que tem meta de falecimentos a noticiar... rsrs
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