Advogados, melhor não te-los

Todo deputado e toda deputada (exceto Tirireca e mais uma penca) é eleito para nos representar porque tem formação e capacidade para isso. Tá, você já está pensando que é piada. Calma. Eles participam de sessões e votam matérias que decidem nossas vidas e a do país. Eles não precisam de um advogado ao lado para orientá-los quando votam. Prestem atenção no lance “advogado”, o cerne do raciocínio está nele.

Deputados (e deputadas – exceto Tirireca, por enquanto) têm outra capacidade bem marcante que é a de se envolver em maracutaias. Jaqueline Roriz demonstrou toda a sua habilidade ao botar a mão em R$ 50 mil de propina sem qualquer ajuda de advogado. Pega que foi, entretanto, a safada recorreu a um para defende-la do processo de cassação.

Finalmente chegamos lá. É muito errado isso.  É inconstitucional, ou deveria ser. Está na constituição a independência de poderes. Um processo parlamentar não é um processo criminal, ou um processo jurídico, portanto o mesmo deputado ou deputada que cometeu a falcatrua deve ter a competência se defender-se por si só. Tão entendendo? Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Começa assim, daqui a pouco vai ter moleque que faz bobagem na escola e pra não levar esporro do pai se apresenta em casa com advogado; ou cara chegando bêbado de madrugada com o causídico para se explicar pra mulher. Não pode. Fez, assume.

Essa tese foi bolada dentro do Putz. É brilhante, a gente ficou muito orgulhoso dela. É tão brilhante que resolvemos comentá-la,  no bar, com uns advogados amigos nossos.

Eles adoraram. Uns deles, muito educado, falou:

-- É por isso que essa merda de blog não vai pra frente. É a maior imbecilidade que eu já ouvi.

Outro, um doce:

-- E saber que um nó cego desses (SeuPutz) já estudou direito. Tu tá maluco é?! Todo mundo, escuta bem, todo mundo tem direito à defesa. E é pra isso que existe advogado, seu cretino.

Não entenderam a tese. Deviam estar bêbados.