Rio 40 graus

Caro Putz,

Passei os últimos 10 anos vivendo nos EUA. Voltei agora para visitar, pela primeira vez, trazendo junto minha filha de 15 anos. Por 10 anos idealizei esse retorno e mesmo sem querer acabei passando toda essa expectativa da volta para a minha filha, que não lembrava direito como é o Brasil. Cuidei durante todos esses anos para que ela (a filha) respeitasse e fosse grata ao país em que vivemos, mas que sobretudo amasse o país onde nasceu. Para isso cultivei o hábito de sempre lembrar a ela as coisas boas que temos aqui e mantendo nossos costumes.

Enfim, depois de 12 longas horas pousamos no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, de onde viríamos a Floripa e depois Criciúma. Foi lá, no Rio de Janeiro, que os aborrecimentos começaram. Duas horas para pegar as malas, um calor infernal e… o ar-condicionado não estava funcionando. Acredite se quiser, com aquele calorão, sem ar, não havia uma loja que vendesse água mineral. O bebê de dois anos de uma mulher que veio no mesmo voo, chorava de fome e teve que ser alimentado com chips e água da torneira.

Depois de tantas horas de cansativa viagem, tentei então comprar um refri e também não foi possível, simplesmente porque as lanchonetes não aceitavam dólares. Para completar, ficamos (uma fila de pessoas) 15 minutos diante de um elevador que nunca chegava porque não estava funcionando. Não tinha nenhum aviso, assim como não havia funcionários para informar que havia outro elevador 50 metros adiante.

É isso Putz. Então eu lhe pergunto: como é que esse país que eu tanto amo vai sediar uma copa do mundo e o Rio de Janeiro uma Olimpíada?

Ps.: Minha filha me olhava cada vez mais desconfiada. Eu morri de vergonha.

ass.: Isabel Borges – brasileira e criciumense