A indústria do mérito

Ronaldo Benedet foi premiado na Câmara de Araranguá; Julio Garcia, do Tribunal de Contas, é homenageado com Medalha do Jubileu de Ouro em Içara.

A gente vem dizendo aqui que político não é burro. Têm um caralhão de um ou outro defeito, mas burro não é. Burrice é um predicado etéreo, impalpável, incompreensível, inoxidável e não cabe num saquinho de pipoca. A ligação com Benedets, Garcias e Câmaras já vem.

Uma Câmara de Vereadores é, por assim dizer, uma casa da mã de políticos. Político não é burro. Entretanto, Câmaras de Vereadores, ao invés de aprovar Planos Diretores e cassar parceiros metidos a esperto, destinam seu precioso tempo na aprovação de moções de aplauso, cidadanias e jubileus.

Agora que entra a impalpabilidade do inox: os jubilados, cidadanizados e aplaudidos pelas Câmaras são, normalmente… políticos. Político não é burro, porém nós, enquanto putzdesgraçados, temos certa dificuldade em expressar um raciocínio incompreensível e etéreo de forma palpável. Só através de exemplo.

Peguemos então o exemplo do Ronaldo Benedet, cidadão araranguaense. Se há um cara que não tem nada de cidadão araranguaense é o Ronaldo Benedet. Ele só pisou lá pra catar votos. Se político não é burro, o Ronaldo então é louco de esperto. Ele sabe que os políticos araranguaenses do exemplo estão babando nos ovos dele com segundas intenções. Mesmo assim, mesmo sabendo que tudo é uma grande enrolação, ele vai lá (na Câmara) para ter os ovos babados ser premiado.

Para não nos alongarmos (daqui a pouco esse troço fica muito comprido), hoje nos sobra o seguinte teorema com duas alfaces e três legumes: quem é o burro engana ou é enganado aqui? Os vereadores, que acham que o Ronaldo é tapado e não saca que virou cidadão só descolar alguma emenda no orçamento? O Ronaldo, que aceita ser cidadão e acha que os cidadãos são todos otários e não percebem que isso tudo é um jogo para render votos? Ou nós, eleitores burros que vemos isso tudo acontecer e continuamos na praça dando milho aos pombos?