Deu no jornal a seguinte manchete:
“Marido fere mulher com machadadas na cabeça”
Povo adora ver sangue correr, desde que não seja o seu. Há! Há! Boa essa (podre, isso sim).
Falando sério, adora mesmo. Sangue, violência, desgraça, baixaria e derivados. A imprensa em geral explora isso, e pela mesma razão os jornais daqui atocham manchetes hemorrágicas (palavra tudo a ver, adoramos ela) como a acima. Se você é povo, não há como ser imune a um título desses.
O problema dessas manchetes é que o presente fica devendo à embalagem. Somos atraídos pela casca e o conteúdo nos derruba. Somos fisgados pela manchete e frustrados pelo texto.
Vamos fazer um DF – Discutir a Frustração. Nós, enquanto povo, somos atraídos por assuntos que transpirem instintos homicidas. Jogar uma manchete dessas é como soltar um boi gordo num rio infestado de piranhas vorazes. A peixalhada enlouquece. Não tem jeito, a gente pega o jornal, bate o olho na manchete e vai tisgo ler sobre a barbaridade, mordendo a gengiva, babando sangue e… Nada. Só as iniciais do
psicopata acusado, nada a respeito dos motivos. Dá vontade de matar o… esquece. Nesses casos, nos sobra a opção de espicular. Que motivos levariam um marido trabalhador a investir contra sua esposa safada armado com um machado? Ou melhor, que teria aprontado a perva pra deixar seu honesto esposo tão doidão? Lembrando, essas elocubrações são alinhavadas aqui por
homo machus putzprimitivus, daí sua conotação tendenciosa. Ela, a esposa escalpelada, deve ter feito algo grande, tipo, algo inominável, algo imperdoável, algo impublicável…
Daí a omissão do jornal.