dezembro 19, 2011

Sobre o imbróglio opressivo da Unesc… Parte II

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transladado do blog do Carlos Magno
Contrapontos comunitários

Ao tomar conhecimento do processo administrativo contra o ex-presidente do DCE, o Pedro Victor - processo que suspendeu sua formatura e pode expulsá-lo da instituição -, recordei de uma história, velha já de uns, pelo menos, 15 anos. História do século passado. História de quando eu era estudante no Curso de Direito da UNISUL de Tubarão (na época em que só havia Unisul em Tubarão, entre 1991-1995).

Quando era acadêmico de direito participei ativamente do movimento estudantil. Lá formamos um grupo de alunos que conduziu o DCE da UNISUL por pelo menos uns quatro anos. Como na Unisul não havia eleições diretas para os cargos diretivos, tínhamos muitos embates com a sua reitoria. Como era época de hiperinflação, as mensalidades estavam sempre na ordem do dia. Nosso exemplo de democracia a seguir era a UNIFACRI, hoje UNESC, pois nela a escolha do reitor se dava por voto direto e igual para todos.

Nas muitas lutas que travamos na defesa dos direitos dos estudantes, tivemos que, não poucas vezes, utilizar de meios de ação mais contundentes. Não quero que o Pedro Victor se sinta diminuído, mas nossas ações em defesa de nossas bandeiras iam muito mais longe do que a publicação de críticas e charges.

Assim, criticávamos duramente a gestão da Universidade, e conduzimos um movimento crescente que levou a ações radicais que incluíram invasão de reitoria, greve de fome, promoção de ação judicial de consignação em pagamento de valores considerados os corretos (batizada de “ação bola de neve”, numa época e que a lei ainda não permitia ao credor acessar o dinheiro), utilização de meios físicos não violentos (resistência passiva à La Ghandi) para o cumprimento de decisão judicial, utilização de meios físicos não violentos para o descumprimento de decisão judicial.

Nosso slogan do dia a dia era “fora Silvestre! Eleições diretas para reitor!” Uma vez fizemos uma passeata na cidade de Tubarão e gritávamos em uníssono na frente do hotel San Silvestre (que não tinha nada a ver com o reitor): “Silvestre, sacana, devolve a nossa grana!”

Pelas mensalidades fizemos uma greve que parou a Unisul por mais de 40 dias!

Mesmo com esta enfática atuação, resultante do difícil diálogo entre estudantes e reitoria da Instituição numa época em que recém saíamos de uma ditadura militar, nunca, eu digo: NUNCA, a reitoria da UNISUL se valeu da tradicional técnica conservadora de tratar o movimento social estudantil isolando seus líderes para fragilizá-los. Assim, todos os que participamos daqueles dias memoráveis nunca tivemos que responder a processos/inquéritos administrativos.

Mais: quando findou o curso de cada um dos líderes daquele combativo DCE, nenhum de nós sofreu qualquer pressão institucional em represália aos atos praticados em nome dos estudantes.

Mais: eu não apenas pude me formar normalmente com minha turma, como pude ser o orador da mesma, com muito orgulho para mim e para minha família.

Nosso líder mais destacado, Joel, teve que colar grau em gabinete por motivos pessoais. Na UNISUL, a colação em gabinete era ordinariamente conferida pelo coordenador de cada curso. Lembro-me como se fosse hoje, que, em reconhecimento à combatividade e liderança do Joel, o reitor Silvestre Heerdt a todos nos convidou para que ele recebesse seu grau de bacharel em direito na sala da reitoria, de suas mãos.

Mais: logo ao encerrar minha graduação fui aprovado no mestrado em direito da UFSC. A UNISUL não somente não me impediu de colar grau como me indicou para uma bolsa PICDT (modalidade de bolsa de mestrado “programa de incentivo à capacitação docente), que viabilizaria minha estadia na capital catarinense nos anos seguintes. Documento assinado pelo professor Valter Schmitz, com aconselhamentos positivos e úteis do vice-reitor de então, professor Vilson Schuelter.

Mais: quando concorri ao cargo de reitor da UNESC no ano de 2009, qual não foi a minha surpresa de, enquanto me deslocava com um colega para acompanhar a votação no HRA, receber uma ligação de número desconhecido, sendo que quem me telefonava se apresentou como meu antigo reitor preferido (com boa dose de senso de humor, sempre um sinal de inteligência) e, civilizadamente me desejou boa sorte na disputa.

É. Os tempos mudam.

Meu abraço solidário ao Pedro Victor.

3 comentários:

  1. Voltei no tempo lembrando dessa História...
    (com Matusa, Érico, Beto... )
    ...................................

    - Pedro Victor, Você tem futuro!

    Assim diria o Prof.Silvestre Heerd e o Prof. Vilson Schuelter.

    A.S.G.
    Funcionária desde aquela época - Unisul

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  2. Eu acho que a atitude do DCE foi muito baixa e rasteira. Há métodos mais dignos de se reivindicar do que passando pelas ofensas pessoais ainda sem apontar o nome do suposto culpado pelo aumento da mensalidade. Além de não avaliar que o escolhido acusado personifica um colegiado e que certamente o aumento não partiu somente da cabeça do ofendido. O que o presidente aprendeu em 5 anos de faculdade de direito? Deprimente!

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  3. O Pedro Victor não era um dos coordenadores da campanha do candidato Carlos Magno (derrotado) a reitoria da Unesc com o apoio do PT do Serafim? O a campanha novamente Carlos?

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